terça-feira, 18 de agosto de 2015

Ministro Celso Correia oficialmente encerra as comemoracoes do Dia da SADC em Mocambique

Sua Excelência Senhora Governadora da Cidade de Maputo
Sua Excelência Senhora Vice Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação
Sua Excelência Senhor Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo
Suas Excelências Senhores Chefes de Missões Diplomáticas e Representantes
Minhas Senhoras e Meus Senhores

 Celebramos hoje os 35 anos da Criação da nossa Comunidade de destino comum, sobre o lema: “Os desafios da Integração da SADC até 2020”. Coube ao Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural acolher as cerimónias centrais comemorativas do aniversário da SADC. 
Ao faze-lo não poderíamos deixar de fora da nossa reflexão um dos grandes desafios com que a região ira enfrentar nos próximos anos: as mudanças climáticas na SADC e os desafios da industrialização e da integração dos mercados na SADC. 

Minhas Senhoras meus Senhores
O aquecimento global representa hoje uma das grandes ameaças ao desenvolvimento do Planeta. 
Temos assistindo a um escalar de eventos extraordinários caracterizados por chuvas intensas que causas cheias e também secas que condicionam a produção agrícola. 
Este ano Moçambique foi assolado por chuvas extraordinárias na bacia do Licungo, onde perderam-se vidas humanas, houve destruição de infra-estruturas e da produção.
A região Austral é uma das áreas do globo mais exposta aos efeitos das mudanças climáticas. Num momento em que a região e o continente procuram caminhar rumo ao desenvolvimento, impõe-se que observemos e tratemos a questão das mudanças climáticas como uma prioridade global.
As mudanças climáticas constituem uma ameaça ao planeta e à humanidade e requerem a conjugação de esforços dos governos a nível mundial para encontrar as soluções adequadas e implementáveis de acordo com as circunstâncias e capacidades de cada país.
Para o período pós-2020, está em negociações o Futuro Regime Climático a ser adoptado na Conferência de Paris sobre Mudanças Climáticas (COP 21), que se espera seja vinculativo a todas as Partes, tratando de forma equilibrada a adaptação e mitigação incluindo os meios de implementação e a transparência nas acções e no apoio, isto é, adopção de mecanismos que fortaleçam o controlo da concretização dos compromissos assumidos.
Em preparação do Futuro Regime Climático, os países deverão submeter a informação sobre a sua contribuição para manter o aumento da temperatura média abaixo dos dois graus Celsius. 
A contribuição deverá tomar em consideração a responsabilidade que cada país tem nas emissões passadas, actuais e futuras bem como a sua capacidade de mitigação e, de forma opcional, o esforço que o país está a fazer e fará, visando reduzir a sua vulnerabilidade em relação às mudanças climáticas (adaptação).
Em 1995 Moçambique ratificou a CQNMC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), juntando-se aos esforços globais de estabilizar as concentrações atmosféricas dos gases com efeito estufa num nível que se previna da interferência antropogénica (humana) com o sistema climático, permitindo que os ecossistemas se adaptem naturalmente à mudança do clima, a produção de alimentos não seja ameaçada e que o desenvolvimento prossiga de forma sustentável. Até à data a convenção conta com 195 Partes incluindo a União Europeia.
No ano 2005, Moçambique ratificou o Protocolo de Quioto, no qual os países desenvolvidos comprometeram-se em reduzir conjuntamente as emissões de gases com efeito estufa em 5.2% em relação aos níveis de 1990, no período de 2008-2012, designado por Primeiro Período de Compromisso de Quioto.
A procura permanente de uma resposta adequada às mudanças climáticas, culminou com a aprovação de vários instrumentos, pelo Governo de Moçambique, PANA (Programa de Acção Nacional de Adaptação), ENAMMC (Estratégia Nacional para Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas), instrumentos cuja implementação contribui para o aumento da resiliência incluindo a redução do risco climático nas comunidades e na economia nacional, promovendo o desenvolvimento de baixo carbono, economia verde e azul.
Por outro lado, existem oportunidades de desenvolvimento de baixas emissões que contribuem para a realização das prioridades nacionais, sendo de destacar os recursos energéticos como gás natural, o potencial de energias renováveis que podem ser utilizados em substituições dos combustíveis fósseis importados e da biomassa. 
Não poderemos exigir o mesmo aos países que se encontram em diferentes estágios de desenvolvimento. Sabemos que os efeitos das mudanças climáticas serão mais severos em muitos países menos desenvolvidos. Necessitaremos de conceber com equilíbrio e de acordo com as nossas capacidades as nossas estratégias e os desafios futuros. Os países da SADC podem aproveitar a sua experiencia de cooperação ao logo desses 35 anos para juntos enfrentar os desafios climáticos futuros e ainda continuarmos a promover o nosso desenvolvimento sustentável. 

Desafios da Industrialização
O Governo considera a indústria como um dos factores determinantes nas acções de combate a pobreza e desenvolvimento económico. No seu Plano Quinquenal, define como principais objectivos estratégicos para desenvolvimento do sector, o aumento da produção e produtividade, a promoção da industrialização orientada para a modernização da economia e aumento das exportações, a promoção do emprego, a promoção da cadeia de valor dos produtos primários nacionais assegurando a integração do conteúdo local na integração regional e nas cadeias de valores globais, sem olvidar a melhoria do ambiente de negócios.

Minhas senhoras e meus senhores
A importância dada à industrialização transcende a visão nacional, daí que a SADC, inspirada nos instrumentos continentais como a Agenda 2063, Estratégia de Implementação do Plano de Acção para o Desenvolvimento Industrial Acelerado de África (AIDA) da União Africana; o Plano Indicativo Estratégico para o Desenvolvimento Regional da SADC (RISDP); o Quadro da Política para o Desenvolvimento Industrial da SADC e o Programa de Melhoramento e Modernização Industriais da SADC (IUMP), aprovou em Abril último, a Estratégia e Roteiro para a Industrialização da SADC.A aprovação desta estratégia respondia assim a decisão da Cimeira Chefes de Estado da SADC, realizada em Agosto de 2014, em Victoria Falls, Zimbabwe, que decorreu sob o lema: «Estratégia da SADC Rumo à Transformação Económica: Exploração dos Recursos Regionais Diversificados para o Desenvolvimento Económico e Social Sustentável através da Beneficiação e do Acréscimo de Valor» que mandatava o Grupo de Trabalho Ministerial sobre a Integração Económica Regional, para se reunir, com urgência, a fim de chegar a um acordo sobre uma Estratégia e Roteiro para a Industrialização da Região para assegurar que, na fase em curso de integração Regional da SADC, a industrialização fosse o centro das atenções.A Estratégia acima mencionada, tem em vista, ajudar a região a acelerar o processo de industrialização dos países membros, e permitir que se alcance a transformação socioeconómica de cada país, através de linhas orientadoras, que visam a adição de valor e a beneficiação de diversos recursos naturais.
Permitam-me que refira a algumas questões contidas na estratégia de industrialização da SADC:
(i) Procura forjar uma transformação económica e tecnológica profunda aos níveis nacional e regional e visa acelerar o crescimento e consolidar as vantagens comparativas e competitivas das economias da região da SADC;
(ii) Reconhece que a implementação da industrialização ocorrerá, em larga medida, a nível dos Estados Membros (cada Estado Membro deverá definir a sua própria estratégia) e que o seu êxito depende do estabelecimento de uma parceria eficaz, essencialmente, entre os Estados e o sector privado;
(iii) Tem como pilares a industrialização, competitividade e integração regional;
(v) Define, entre outras, as seguintes áreas de intervenção para a impulsionar o processo de industrialização:
·        A Remoção das três Restrições Vinculativas – infra estruturas inadequadas e de baixa qualidade, um enorme défice das competências requeridas para o desenvolvimento industrial e meios financeiros insuficientes;
·        A priorização das três vias de crescimento mutuamente compatíveis: o processamento de produtos agrícolas, a beneficiação e processamento de minérios a jusante e uma maior participação em cadeias de valor aos níveis nacional, regional e global;
Em curso o processo de divulgação da Estratégia e roteiro da industrialização da SADC a nível nacional e em revisão da política e estratégia industrial prevista para a sua aprovação pelo Conselho de Ministros em finais de Setembro de 2015.
Ao terminar gostaria de formular votos de que possamos continuar a trilhar nosso futuro comum na promoção de um desenvolvimento sustentável que assegure o bem-estar dos nossos povos.
Bem-haja SADC,
Tenho dito,
Muito obrigado!

 Maputo, 17 de Agosto de 2015

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