quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Intervencao de Sexa Filipe Nyusi durante o debate sobre a Situação Sócio-Económica na Cimeira da SADC

Sua Majestade Rei Mswati III, do Reino da Suazilândia; 
Senhor Presidente em exercício da SADC;
Suas Excelências Chefes de Estado e de Governo aqui presentes;
Minhas Senhoras e Meus Senhores;
 
Permitam-me que comece por agradecer pela oportunidade de usar da palavra, nesta sessão à porta fechada, e felicitar ao Tenente-General Seretse Khama Ian Khama, Presidente da República do Botswana, pela eleição para Presidente da SADC
Fazemos votos que a Vossa presidência seja coroada de êxitos e de lhe assegurar o apoio incondicional de Moçambique nesta nobre empreitada.
Quero, igualmente, manifestar o nosso profundo agradecimento a Sua Excelência Presidente Mugabe, Presidente Cessante da nossa Organização, pela dinâmica imprimida e pela clarevidente liderança do processo de integração regional ao longo dos 12 meses do seu mandato.
Foi durante o Vosso mandato que a nossa região finalizou o processo de revisão intercalar do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP) e aprovou a Estratégia e o Roteiro para a Industrialização e sua incorporação como pilar da nossa estratégia de integração e desenvolvimento.
Estes dois instrumentos, juntamente com o Plano Director de Desenvolvimento de Infra-estruturas, se forem bem implemmentados em cada um dos nossos países poderão transformar, por completo, as economias da região da SADC, com impacto directo no aumento da oferta de produtos, aproveitando os mercados regional, continental e internacional. Por outro lado, tal como o lema da presente Cimeira, esteprocesso exigirá recursos humanos altamente qualificados.

Senhor Presidente,
Um dos aspectos que tem ocupado a agenda da nossa organização tem sido a questão da promoção da igualdade de género. É certo que para o alcance deste objectivo temos definido metas que preconizam uma paridade nos órgãos políticos e de tomada de decisões.
Esta abordagem tem o mérito de elevar a mulher para cargos que antes eram considerados como estando reservados aos homens. Todavia, entendemos que a emancipação da mulher transcende a mera colocação de mulheres em órgãos políticos de tomada de decisão e apresentação de cifras por cada um dos nossos países.
Portanto, podemos ter estatísticas elevadas de mulheres a ocupar cargos políticos e de tomada de decisão, sem no entanto alterar as desigualdades económicas e sociais, se a mulher, de forma geral, não tiver acesso a educação, saúde e emprego.
Neste contexto, afigura-se importante que a nossa organização, em geral, e os países, em particular, continuem a privilegiar o empoderamento da mulher a todos os níveis, sobretudo apostando em:
·         Educação e formação em aptidões técnico-profissionais da rapariga e da mulher para permitir que tenha acesso a emprego decente e bem remunerado, bem como a capacidade de criação de auto-emprego. Desta forma a mulher poderá sustentar a si e sua famíllia, assim como replicar o seu conhecimento pela sociedade, em geral, como diz o ditado - “Educar uma Mulher é Educar uma Sociedade ou uma Nação”. 
·         Promoção do acesso ao financiamento de projectos que a potenciem a ser mais produtiva, rentável, contribuindo para o seu bem-estar e o da sua família. 

Excelências,
A energia eléctrica afigura-se como um impulsionador de qualquer processo de desenvolvimento, sobretudo a industrialização que tanto defendemos, sendo por isso necessária a sua disponibilização em quantidade e qualidade suficientes.
Estamos cientes da enorme procura por este recurso na nossa região que actualmente regista um défice que se situa em 8247 Megawats. Nesta perspectiva, no ambito do Plano Director de Desenvolvimento de Infra-estruturas, Moçambique tem vindo a trabalhar para materializar vários projectos de geração de energia electrica, com destaque para a Central Norte de Cahora Bassa, Mpanda Nkua, Lupata e Temane, que vão adicionar capacidade de geração de energia eléctrica limpa e amiga do ambiente, de fontes hídricas e a base do Gás Natural, para alimentar o desenvolvimento de Moçambique e da região.
A par destas acções, que poderão contar com parcerias regionais, priorizamos os projectos de interligação das redes de transmissão com vista a alargar o potencial de evacuação e fluxo de electricidade entre os países da região.
A migração digital é um outro tema que preocupa a nossa região, onde a maioria dos nossos países não alcançou a meta estipulada de junho de 2015.
Moçambique, como um dos países que ainda não concluiram o processo de migração de radiodifusão analógica para digital, no prazo previsto, está empenhado em completar o processo dentro do novo prazo, proposto pelos Ministros competentes, que vai até 31 de Dezembro de 2016.
Não obstante o facto de Moçambique não ter cumprido o prazo de migração digital, tem beneficiado da colaboração de países vizinhos que já concluiram o mesmo.
É neste contexto que gostariamos de saudar e agradecer a República do Malawi, a República da África do Sul e o Reino de Suazilândia por se terem dignado a celebrar acordos com o nosso país no sentido de evitar as interferencias entre os emissores localizados nas zonas fronteiriças.
Caros Pares,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
A região da SADC, mais uma vez foi assolada por calamidades naturais em forma de cheias, depressões tropicais e secas. Estes fenómenos afectaram com maior destaque a Moçambique, Namibia, Botsuana, Angola, Malawi, Zambia, Zimbábwe e Madagascar.
No caso de Moçambique, as cheias que afectaram as zonas Centro e Norte resultaram em 163 óbitos, destruição de infra-estruturas sociais e económicas e destruição de milhares de hectares de culturas diversas, bem como mais de 400 mil pessoas afectadas, num prejuízo calculado em cerca de 400 milhões de dólares americanos.
Quero aproveitar esta oportunidade para agradecer aos países da SADC pelo apoio solidário prestado que complementou os esforços internos de mitigação destes fenómenos climatéricos. Gostaria de destacar de forma especial a República da África do Sul, a República do Botsuana e a República da Zambia pelo apoio material e humano.
Senhor Presidente,
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Ao terminar a minha intervencção sobre aspectos inerentes a situação sócio-económica da região, desejo reiterar a nossa gratidão pelo excelente acolhimento e condições de trabalho criadas para o sucesso das nossas deliberações. Faço votos que esta Cimeira alcance plenamente os seus objectivos e marque uma viragem no nosso processo de integração regional.
Muito obrigado pela atenção prestada!

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